"Hélio Costa: O
humorista que escrevia poemas de amor", Diário Insular, 15 Fev
2009:
Todos o conhecem como o escritor de bailinhos de
Carnaval, mas Hélio Costa lança, a sete de Março, o seu primeiro livro
de poemas de amor. Chama-se "Lava de Sentimentos".
A manhã é
reservada para as danças e bailinhos. Hélio Costa tem mais de
quatrocentos títulos presos, em folhas de papel A4, na parede do
escritório da casa das Lajes. Mas a noite, quando o pensamento se
torna mais pesado e profundo, é, há perto de três anos e meio, para
escrever poemas de amor. Que nunca pensou publicar.
"Comecei a
escrever há uns anos, mas nunca com a ideia de que isto pudesse depois
dar um livro. Até que vieram umas pessoas amigas cá a casa e começámos
a falar de poesia. Acabei por lhes mostrar os poemas que tinha feito e
disseram-me que aquilo até dava para ser publicado", conta, escolhendo
as palavras devagar, com cuidado.
Mas os poemas acabaram mesmo
em livro. Hélio Costa escreve poemas de amor com a mesma energia que
guarda para os bailinhos. O livro terá perto de 80 páginas, mas
garante que já escreveu perto de uma centena.
"Lava de
Sentimentos" é lançado a sete de Março, no Auditório do Ramo Grande,
na Praia da Vitória, com apresentação de Álamo de Oliveira. Outro
lançamento está marcado para o dia 29 do mesmo mês, no Portuguese
Center de Lowell, nos Estados Unidos da América.
Nota-se que
Hélio Costa guarda algum receio em relação a esse momento. Já não tem
nervosismo quando vê subir um bailinho ou uma dança escrita por si a
um palco de uma sociedade, porque isso já aconteceu tantas vezes. Os
risos e o aplauso do público são esperados. Mas os poemas de amor são
outra coisa. "Antes de avançar para a publicação, pedi o apoio da
direcção regional da Cultura. Isso foi, por assim dizer, a prova de
fogo. Se não conseguisse um parecer positivo, queria dizer que não
valia a pena". Os apoios chegaram.
Mas por que começou o
escritor de bailinhos a dedicar-se à poesia? "Era uma vontade que
tinha dentro de mim, algo que me apeteceu fazer. Quem me conhece sabe
que eu gosto de fazer muitas coisas diferentes. O conteúdo do livro
não está baseado em factos da minha vida. Há total liberdade e
imaginação. Não houve mudança nenhuma. O que houve é que nós, humanos,
uns mais do que outros, mas todos, temos sentimentos. Eu, apesar de
ter o meu lado humorístico, tenho também os meus
sentimentos".
Além disso, a escrita de bailinhos deu uma ajuda
no que diz respeito ao aspecto técnico. "Principalmente na facilidade
da rima, porque as danças são todas em rima. E, porque não, cada dança
tem um tema, e também pode ter havido nesses temas algo que me tenha
ajudado neste livro".
Hélio Costa mantém, no entanto, a
reserva. O seu livro nasceu das horas vagas e não da vontade de
"competir" com qualquer outro poeta. Até porque não lê muita poesia.
"O que leio gosto e aprecio a qualidade, mas não leio muita poesia
porque falta tempo. Agora, não quero competir com ninguém, nem pensar
nisso".
O factor surpresa
O que não encontrará decerto
competição é a surpresa que o lançamento de um
livro de poesia por Hélio Costa provocará nas pessoas. "Muito pouca
gente sabe até agora. E tenho a noção de que será uma grande
surpresa", diz. Este factor surpresa também é reconhecido pelo
vereador da Cultura da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Paulo
Codorniz. "É um formato a que as pessoas não estão habituadas,
decerto. Não esperam algo como isto vindo do Hélio Costa. Estão mais
habituadas a que ele as faça rir", afirmou a DI.
A esposa e a
família sabem dos poemas. Alguns amigos têm conhecimento que escreve
mas não que pretende publicar. "A minha mulher e a minha família
também me deram apoio. Aliás sempre o fizeram, ao longo da minha
vida". A inspiração, diz que não a vai buscar directamente à vida
real. Nos seus
poemas estão presentes a Lua, o Sol, o Mar. "A quem ler o livro, o que
posso dizer é que o que ali está é fruto de dar liberdade à imaginação
e sonhar. Sonhar, porque toda a gente sonha, e uma grande parte do
livro baseia-se em sonhos... É inspirado também no mar, porque temos o
mar à nossa volta, e penso que, para quem escreve, o mar serve como
inspiração. Nos meus poemas existem esses elementos: O Mar, o Sol, a
Lua", diz.
Mas admite que as pessoas os inspiram, em toda a sua
complexidade. "Imaginamos outras pessoas, a sua maneira de estar, a
maneira de viver, os sentimentos, embora nós não estejamos dentro
delas. É a tal liberdade e imaginação a funcionar".
Resta a
Hélio Costa continuar a dividir a manhãs para os bailinhos e as noites
para os poemas de amor. Por agora, permanece na mente dos terceirenses
como o escritor de danças de Carnaval. "É como disse Álamo de
Oliveira, que vai fazer a apresentação. As pessoas vão comprar o livro
a pensar que, já nas primeiras três páginas, vão estar a rir. Mas não.
Aqui
podem ver mais um pouco do meu fundo".
Enquanto houver amor, ilha e arte blogarei por toda a parte...
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