Este fim-de-semana foi diferente para mim e familiares.
Começou com uma greve, depois seguiu-se uma notícia que nos abalou, para depois, ainda, dar lugar a um passeio que nos levou ao cabo ocidental da ilha Terceira para presenciar os festejos extraordinários.
Há muito que não íamos para aqueles lados mas o chamariz era grande e tivemos o prazer de assistir à eucaristia dominical com a presença da banda filarmónica toda fardada a rigor, como convém, em dia de aniversário da mesma.
Festejavam o seu 134º aniversário no 1º Domingo do Advento que marca o início do novo ano litúrgico. Muito já li na internet sobre o evento pelo que não me vou alongar mais. Há quem, e muito bem, faça uma pesquisa utilizando as palavras mestras e depare logo com um aglomerado de informação que nos dá conta do evento que merece destaque.
Após as comemorações com a presença de entidades locais e membros da Sociedade, clero e a população na sua maioria residente, regressámos a Angra do Heroísmo com um sentimento único: Alegria!
Percebia-se que o Advento trazia os primeiros louvores Àquele que certamente trará muitas mais alegrias na noite que O coloca em palhinhas deitado para que nós estejamos agasalhados na alma. Aguardemos, pois, a vinda do Senhor.
Para outros foi o dia da partida...
"Com Deus me deito, com Deus me levanto, com amor e graça, do Divino Espírito Santo" - Era assim a sua reza matinal. Eu, calada no meu leito, olhos esguios na transversal, vigiava aquela mulher cuja idade se desenhava nas rugas do rosto e das mãos. Por vezes, sentava-me perto dela e esticava-lhe, com os dedos, aquelas torres de rugas sobre as mãos. Ela sorria e eu queria que ela me dissesse: "Um dia terás as tuas...". Actualmente, quedo-me nesse pensamento como que com medo de olhar as minhas mãos e ver os mesmos montes de pele, sinal de que a idade está a pesar muito... Tenho medo de envelhecer e de ficar só e as minhas rugas sem ter ninguém que brinque com elas...
De novo, volto àquela ladainha do amanhecer de ilhéu:
- "Com Deus me deito, com Deus me levanto...". Parei neste ponto... Hoje, raramente balbucio esta reza que decorei por ser bonita e fácil. A pressa do levantar nem deixa que se balbucie rezas rimadas e bonitas como estas... Não dá tempo, não se tem tempo, corre-se desenfreadamente para as rugas que, por vezes, nem se chegam a alcançar porque se morre mais cedo do que antigamente. A vida de ilhéu já não é o que era no tempo desta mulher linda de cabelos alvos de neve, com um olhar de um azul transparente onde se conseguia avistar a pureza dos seus sentimentos... Tenho saudades de lhe vigiar as rezas matinais e nocturnas. Aos anos que não as ouço porque só resta a recordação.
A vida de ilhéu apetece recordar... Aos poucos darei conta dela.
Enquanto houver amor, ilha e arte blogarei por toda a parte...
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