Há pouco, quando entrei no meu local de trabalho e quis cumprimentar uma pessoa de regresso à casa (até tive um bocadinho de espera para dar as boas-vindas) e tive logo receio de me entranhar na conversa que a rodeava pois atingiu-me o sistema nervoso. Vai uma pessoa uns tempos grandes para casa e quando volta é mirada de cima a baixo, em altura e largura, ao ponto de nos apalparem as curvas mais em destaque e de nos darem uns conselhos medonhos para voltarmos a ter o penar de olhar para o espelho e termos uma coisa que, às vezes, tem o título de depressão. Já nos basta a depressão dos dias cinzentos, das ameaças de chuva, dos gastos exagerados, das despesas malucas, das contas obrigatórias, das casas para manter, dos filhos para comer, da vida para viver acompanhada de imposto daqui e imposto dali, e ainda, por cima, termos de estar sempre como manda o figurino das "top model" que nem sabem o gosto que tem uma batatinha frita, um molho temperado com tudo a gosto, de uma salsicha estendida num pão fofinho, de uma hambúrguer com os acompanhantes que tivermos, etc. Tem logo de vir a ladainha do que devemos ou não devemos fazer, o chamar a atenção para isto e para aquilo de maneira muito suave não vá a gente se escandalizar ou traumatizar. Com mil e seiscentos macacos coloridos de côco: afinal quem é que está na nossa pele - são os outros ou nós? Por acaso algum homem quando vê outro passado algum tempo repara se a barriga cresceu com a cerveja que bebeu? Por acaso alguma criatura que regressa de um período prolongado de ausência repara se a perna está mais larga ou mais fina para ser o tema da primeira conversa do dia?
Pois perante esse tipo de conversa eu dou meia volta aos calcanhares e ponho-me a distrair com música radiofónica, ou coisas afins que são muito mais valiosas que ter uma ou mais roscas no físico. Sou daquele conjunto de pessoas que está em vias de extinção devido a uma propaganda que abunda na actualidade, mas o que fazer? Dietas loucas nuns dias e passados uns meses haver um retrocesso para pior do que estava quando se começou no regime porque sim, porque é o que todos dizem, porque é assim que deve ser, porque há uma mão cheia que nos aponta o dedo por sermos os GORDOS?! E o que acontece a quem tem geneticamente propensão para a largura? Vão-se por na lista para abate? Vão fechar-se num casarão com dimensões adequadas ao tamanho do freguês?
Que diabo é que se passa na cabeça de uma meia dúzia que se vira a atirar bocas a outra meia dúzia?
E pronto, não escrevo mais hoje. Nem sei se foram as cem palavras mas acho que ultrapassou a minha intenção inicial. Agora resta-me ficar no meu canto e sem palavras por um bocado grande.
Bom regresso e tudo de bom para ti, colega.
Angra do Heroísmo, vista do Monte Brasil.
Árvores felizes
E no Monte, de verdes majestosos,
As sãs árvores erguem-se felizes,
Para intervalarem vultos gloriosos
Que proclamam o amor às raízes.
Os verdes vestem campos valiosos;
De alvo se cobrem as cicatrizes
Profundas dos tremores furiosos
Que às mansões deram horas infelizes.
Em Angra sempre brilha o heroísmo;
As árvores são vida p'ra cidade
Que respira o valor da liberdade.
O quadro tem o mote do lirismo:
O sonho voa p'lo olhar atento,
Na copa baila a brisa do momento!
@ Terceirense
Tema: Lágrimas
Que o amor não te veja,
Com lágrimas de mau jeito;
Se ris ao pé da igreja,
Não chores dentro do peito.
***
As lágrimas cá da terra,
São feitas de mar e sal;
As minhas são pela guerra
Que ao mundo traz o mal.
***
Dizem: Um homem não chora!
À vista de toda a gente,
Mas há sempre aquela hora
Que ele chora tão somente.
***
Numa manta de retalhos
Caem lágrimas felizes
Porque são os agasalhos
Dos avós para os petizes.
@Terceirense
Moro numa ilha beijada pelo mar
E no rosto das manhãs dou por mim a louvar
- Que bom é ter-te em mais um dia de magia!
- Que bom é ter uma ilha por companhia!
Deixo-me vaguear envolvida em tanta cor
Que o dia me traz num abraço de amor;
Resfresco-me de um colorido de terra e mar
Na estonteante serenidade e bravura
Que venera o centro do fogo e a paz do luar
Da Ilha onde a mulher assenta em figura.
O prazer peninsular do cativante Monte,
Ventre aberto ao céu que lhe fica defronte,
Refúgio das aves e de quem o visita,
Miradouro intemporal da terra que o fita.
O Monte, a Ilha é tudo isto sem ser demais:
É bela, é de Cristo e dos comuns mortais;
É vida, é dor, é sentimento cruzando o horizonte;
É verde, azul, lilás num justo ornamento;
É festa, é riso e a formosura se lhe aponte;
É cais de sonho, é doçura que acalento.
A ilha é linda, hortênsia em flor,
Terceira rainha, o sol do amor,
Lua de amizade, riso do Senhor,
Maresia encantada, manto de valor.
@Terceirense
24/01/2008
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